PDT suspende atividades de Tabata Amaral e outros 7 deputados que votaram a favor da reforma

Foto: Divulgação

BRASÍLIA – O PDT decidiu nesta terça-feira abrir processo contra os oitos deputados que votaram a favor da reforma da Previdência e também suspender a atividade partidária de Tabata Amaral (SP) e dos outros sete parlamentares. O processo interno pode culminar na expulsão deles da legenda.

Segundo o presidente do partido, Carlos Lupi, também ficou acordado que não será mais permitida a filiação de integrantes que participem de organizações com financiamento privado. A medida é uma resposta à deputada Tabata, que integra um movimento de renovação política chamado Acredito. Segundo Lupi, esse tipo de organização é “clandestina”.

— Decidimos também, e vamos encaminhar ao Diretório Nacional, (…) que o partido não dará legenda, nem a vereador, nem a deputado, a nenhum filiado do partido, que tenha financiamento clandestino. Financiamento patrocinado por organizações pessoais, privadas, particulares, de gente muito poderosa, que se utiliza de grupos para financiar e ter o voto dos parlamentares dentro da sigla do PDT — disse Lupi, em referência indireta a Tabata.

A reunião desta terça-feira ocorreu na sede nacional do PDT, em Brasília. Participaram da decisão integrantes da Executiva Nacional e do Conselho de Ética da sigla. O encontro durou pouco mais de duas horas.

— Decidimos a abertura do processo pela Comissão de Ética para apurar os fatos, um descumprimento de uma decisão tomada democraticamente pelo partido (contra a reforma da Previdência), depois de mais de dez reuniões com a bancada, integrantes do partido. Também todos os oito parlamentares estão com as atividades partidárias, de representação na Câmara, suspensas. Nenhum desses oito pode falar em nome do partido, pode ter função em nome do partido — disse Lupi.

Veja quais deputados do PDT votaram contra a orientação do partido na reforma da Previdência

Lupi ressaltou que o líder da bancada na Câmara, André Figueiredo (CE), a partir da decisão, pode substituir os dissidentes em espaços de destaque em comissões da Casa. Caso os deputados reavaliem a posição na votação em segundo turno, Lupi afirmou que “a situação será levada em conta”.

Com a abertura do processo, os deputados precisam agora apresentar a defesa. O Conselho de Ética vai elaborar um parecer, que será enviado à Executiva Nacional. O próximo passo é o encaminhamento do relatório ao Diretório Nacional, que definirá a punição. Todo o trâmite se prolongar até setembro ou outubro, segundo Lupi.

‘Partido clandestino’

O presidente do PDT avaliou ainda que houve um “erro” do diretório de São Paulo ao receber uma carta do Acredito para que integrantes da organização se filiassem à legenda, como Tabata, antes das eleições.

— Pra quê ter partido? Fica logo no grupo clandestino e organiza. Tem tanta mídia… Organize um partido para ver como é fácil. Participem da lute. Então, para que estão no PDT? Então, não queremos, obrigado — disse Lupi.

O processo aberto nesta terça-feira pode resultar em penalidades mais brandas, como advertência e suspensão de atividades partidárias.

Além de Tabata, votaram a favor da reforma Alex Santana (BA), Subtenente Gonzaga (MG), Silvia Cristina (RO), Marlon Santos (RS), Jesus Sérgio (AC), Gil Cutrim (MA) e Flávio Nogueira (PI). Os oito dissidentes representam quase 30% da bancada do PDT na Câmara, formada por 27 parlamentares.

Também participaram da reunião desta terça-feira integrantes de correntes do PDT, como os movimentos Negro, Mulheres, Indígenas e Juventude. Nenhum dos deputados favoráveis à reforma esteve presente na reunião.

Em artigo publicado na “Folha de S. Paulo”, Tabata Amaral afirmou que sofre “perseguição política” em função de seu posicionamento:

“Muitas vezes, consensos sobre pautas complexas não são construídos de baixo para cima, e cartilhas antigas se sobrepõem aos estudos e evidências. Quando algum membro decide tomar uma decisão que considere responsável e fiel ao que acredita ser importante para o país, há perseguição política. Ofensas, ataques à honra e outras tentativas de ferir a imagem tomam o lugar do diálogo. Exatamente o que vivo agora”, escreveu.

André Figueiredo (CE), já se referiu aos dissidentes como “traidores”. Já Carlos Lupi evitou ser taxativo sobre a chance de expulsão, mas disse que Tabata defende uma “democracia de conveniência”. Ciro Gomes, por sua vez, disse que a deputada deveria deixar a sigla de forma espontânea porque está fazendo “dupla militância” – uma referência ao fato de ela integrar o movimento Acredito, que prega a renovação na política.

Fonte: O Globo

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