Em nível nacional a maioria das pessoas passou a conhecer Sérgio Olímpio Gomes a partir da ascensão de Jair Bolsonaro que chegava à presidência da República em 2018 pelo recém criado Partido Social Liberal (PSL). Eleito senador pelo mesmo partido, Major Olímpio logo se tornaria figura marcante no apoio ao novo presidente e já se destacava por seus posicionamentos e falas contundentes.
Observadores mais atentos já previam que seu temperamento forte e independente não tardaria a colocá-lo em linha de choque com o mandatário do poder executivo. Estavam certos e não demorou para que o Senador Major Olímpio passasse de apoiador a adversário político de Jair Bolsonaro em maio de 2020.
Desta decisão resultaram retaliações, ameaças e agressões pessoais que partiram de militantes, apoiadores e filhos de Bolsonaro, principalmente quando vazou um áudio na internet em que Major Olímpio afirmava que “Bolsonaro brigou comigo para proteger filho ladrão”. Dias tenebrosos para o senador que chegou a declarar que nunca mais disputaria outra eleição.
Há poucos dias, em 18 de março de 2021 para ser exato, faltando apenas dois dias para o Senador nascido em Presidente Venceslau completar 59 anos, o Hospital São Camilo de São Paulo declarava sua morte cerebral, vítima de complicações ocasionadas pela Covid-19.
Com esse relato em síntese poderíamos encerrar a matéria e passar a escrever sobre a vaga aberta no Senado Federal e sobre o primeiro suplente, o empresário paulistano Alexandre Giordano de 47 anos, mas assim fazendo estaríamos incorrendo em erro de omissão, pois a história de Major Olímpio é bem mais consistente e merece ser contada.
Com apenas 20 anos Sérgio Olímpio Gomes se forma oficial pela Academia de Polícia Militar do Barro Branco de São Paulo, instituição de ensino superior da capital paulista. Dedicou
29 anos à vida militar na ativa. Major Olímpio era formado também em Educação Física, Jornalismo e Bacharel em Direito, além dessas graduações era técnico em defesa pessoal, instrutor de tiro e autor de livros sobre segurança pública. Antes de ingressar na carreira política, Major Olímpio foi diretor e presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar do Estado de São Paulo e foi exatamente por defender bandeiras ligadas aos militares e à segurança pública que se elegeu deputado estadual pelo Partido Verde de São Paulo, em 2006, com mais de 52 mil votos.
Em 2010 já filiado ao PDT teve seu nome cogitado para ser o vice na chapa encabeçada por Aluízio Mercadante (PT) na disputa pelo governo de São Paulo, mas optou pela reeleição e conseguiu seu objetivo com impressionantes 135.409 votos.
O desempenho do Senador nas eleições de 2010 fez com que o PDT anunciasse seu nome como candidato ao governo de São Paulo para 2014 e mais uma vez Major Olímpio optou por concorrer a um cargo legislativo e em 2014 desembarcou em Brasília como Deputado Federal.
Em 2015 depois de uma breve passagem pelo recém criado Partido da Mulher Brasileira (PMB) se transferiu para o Solidariedade, sigla pela qual disputou a prefeitura de São Paulo.
Major Olímpio em 2016 votou pelo impeachment de Dilma Rousseff, meses antes já havia sido retirado do recinto onde se realizava a solenidade de posse do ex-presidente Lula como ministro da Casa Civil de Dilma, por ter gritado a plenos pulmões “vergonha”.
Em 2018 Major Olímpio se filiou ao PSL e se candidatou ao Senado Federal obtendo a maior votação daquele pleito com mais de 9 milhões de votos.
Com uma vida que poderia ser tornar um bom livro ou filme, Major Olímpio se notabilizou também, já na fase final de sua vida, por declarações duras contra a forma com que o governo federal vem operando no combate à pandemia da Covid-19.
Independente de opiniões favoráveis ou contrárias ao seu estilo personalíssimo, Sergio Olímpio Gomes não passou apenas pela vida, ele cravou suas marcas, deixando um legado que jamais será esquecido de um homem que tombou ante o inimigo invisível, para se eternizar na história.